Aromaterapia no skincare

Você provavelmente já ouviu dizer que a pele é o maior órgão do corpo humano, atuando como uma barreira essencial contra atritos, patógenos, e a perda excessiva de água, além de desempenhar um papel crucial na termorregulação. Nos últimos anos, o skincare ganhou destaque, e as rotinas de cuidados ficaram cada vez mais elaboradas, com o objetivo de alcançar a tão desejada “pele perfeita”. Mas será que cuidar apenas do externo é suficiente?

A verdade é que a pele reflete a saúde interna do nosso corpo. Não devemos descartar os tratamentos tópicos, pois eles têm sua importância, mas é essencial compreender que o sucesso de qualquer tratamento depende de uma abordagem integrada. O corpo funciona como um todo, e o estado de um órgão inevitavelmente influencia o outro. Vamos entender esse cuidado holístico e qual o papel da aromaterapia na medicina integrativa, e como podemos nos beneficiar dela.

Afinal, o que é Aromaterapia?

Aromaterapia é uma prática que une ciência e tradição, utilizando aromas naturais extraídos de plantas para promover o bem-estar físico, mental e emocional. Óleos essenciais, substâncias voláteis e complexas, são obtidos de partes como folhas, raízes, cascas e flores, sendo usados há milênios em culturas como Índia, Egito e Grécia. Esses países ajudaram a preservar e espalhar a aromaterapia, que continua a ser reconhecida por seus benefícios à saúde até os dias atuais.

Qual a sua relação com o corpo e a pele?

Aromaterapia é uma prática holística e milenar amplamente utilizada em diversos tratamentos, abrangendo desde a prevenção de doenças até o alívio de condições crônicas. Seu alcance inclui o manejo de ansiedade, depressão e insônia, assim como o tratamento de dores de cabeça, enxaquecas, problemas respiratórios e digestivos. Além disso, a aromaterapia tem sido estudada já há um tempo para problemas de pele.

A pele como maior órgão do corpo serve como um reflexo direto da saúde interna. Ela estabelece uma conexão neuronal com todos os órgãos do corpo, permitindo que sinais e sintomas de disfunções internas se manifestem externamente. A aromaterapia faz parte de uma medicina integrativa, alinhando todos os pontos do corpo para um bom funcionamento. Seja por aplicação cutânea direta, inalação, ou ingestão em cápsulas, essa prática é fundamental no manejo de diversas condições cutâneas, como explica Aline Amaral, médica especialista em dermatologia integrativa e aromaterapia, palestrante e referência no assunto.

Os óleos essenciais são compostos por moléculas lipofílicas, pequenas e apolares, o que facilita sua penetração na pele e a eficácia das substâncias ativas. Devido aos seus efeitos antimicrobianos e antifúngicos, não necessitam de conservantes adicionais. Quando combinados com cremes, géis ou óleos carreadores, aumentam a absorção e reduzem a evaporação.

O que é o conceito de Medicina Integrativa e por que ele se encaixa nesse contexto?

“Dermatologia além da pele” - como define Aline Amaral. A pele não pode ser olhada isoladamente. Além de tudo isso, ela é psicossomática, ou seja, é um reflexo não só do funcionamento dos outros órgãos do nosso corpo mas também das nossas emoções.

Por exemplo, uma pele excessivamente oleosa ou acneica pode indicar problemas subjacentes, como uma proliferação bacteriana causada por distúrbios intestinais. Se o intestino não está funcionando corretamente, pode haver uma absorção inadequada de nutrientes e um desequilíbrio na flora intestinal, afetando a saúde da pele. A mucosa intestinal, que é crucial para a função imunológica, pode estar comprometida, resultando em problemas cutâneos visíveis. Em resumo, a condição da pele frequentemente reflete o estado de saúde do interior do corpo, mostrando como as disfunções internas podem se manifestar externamente, explica Aline.

Como a aromaterapia envolve questões tanto inalatórias, quanto aplicações cutâneas diretas, quanto a ingestão encapsulada - não poderíamos evitar a medicina integrativa aqui, ou seja, o tratamento integral do corpo para uma abordagem holística de funcionamento do corpo.

O que faz parte do tratamento dermatológico na medicina integrativa?

Para promover um processo eficaz de desinflamação e melhorar a saúde da pele, é essencial adotar uma abordagem holística. Isso inclui a eliminação de alimentos inflamatórios da dieta e a introdução de uma quantidade adequada de água para manter a hidratação. Além disso, os disruptores endócrinos são removidos dos produtos cosméticos utilizados, optando por alternativas mais seguras e naturais. A implementação de sinergias aromáticas específicas para ajudar a controlar a ansiedade, contribuindo para um equilíbrio geral do bem-estar. O uso de probióticos também é crucial para regular o intestino e garantir um bom funcionamento do sistema digestivo. Essas práticas colaboram para reduzir a inflamação interna, refletindo positivamente na saúde da pele, que é uma extensão dos órgãos internos.

A dermatologia natural faz um embate com a tradicional, pois ela não a elimina, mas a complementa, de forma a tornar mais fácil, sustentável e duradouro o tratamento com base em medicinas milenares.

Aromaterapia tem limitação?

A aromaterapia não tem limitação nenhuma,inclusive é recomendada para todos.

Tem tratamentos que trazem efeitos mais rápido que outros, e outros que são notáveis mais a longo prazo. Por exemplo, condições como rosáceas, dermatite atópica, psoríase, pele acneica e melasma são cinco doenças de inflamação muito ativadas por gatilhos emocionais, e a aromaterapia tem muita ação nos gatilhos emocionais, seja por inalação, ingestão (cápsula) ou aplicação cutânea, nestes casos os resultados são mais rápidos, cita Aline.

Como podemos unir seu tratamento à condições da pele?

Atualmente, os tratamentos com grande procura são para o envelhecimento e a acne, refletindo uma demanda por produtos que combatam o estresse oxidativo e a inflamação. A acne é uma condição inflamatória comum, afetando 85% das pessoas entre 12 e 24 anos, enquanto o estresse oxidativo afeta toda a população. Estudos, como o publicado no Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine em 2016, mostram que óleos essenciais como lavanda e eucalipto têm efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes promissores, abordando essas preocupações de forma eficaz. Abaixo, trouxemos exemplos de alguns óleos essenciais úteis no tratamento da acne e o porquê.

Óleo Essencial de Lima Kaffir: Este óleo possui propriedades antimicrobianas e anti-inflamatórias, ajudando a combater as bactérias causadoras da acne e a reduzir a inflamação. Compostos como linalool e seychellene destroem as membranas celulares das bactérias, enquanto o ácido linoleico atua na redução da inflamação.
Óleo Essencial de Canela: Mostra-se eficaz na diminuição da quantidade e tamanho das lesões inflamatórias e não inflamatórias da acne. Seus compostos, como o eugenol e o cinnamaldeído, possuem propriedades antimicrobianas e antioxidantes, inibindo a geração de radicais livres e combatendo bactérias.
Óleo Essencial de Melaleuca (Tea Tree): Amplamente reconhecido por seu potencial no tratamento da acne, este óleo é eficaz contra uma ampla gama de microorganismos. Contém compostos como terpinene-4-ol, que reduz a produção de substâncias inflamatórias e ajuda a controlar o crescimento das bactérias responsáveis pela acne.
Óleo Essencial de Capim-Limão: Possui atividades antimicrobianas e anti-inflamatórias, sendo eficaz contra as bactérias que causam acne. Os compostos citral (geranial e neral) têm propriedades que inibem a inflamação e combatem os patógenos relacionados à acne.
Óleo Essencial de Orégano: Contém compostos como carvacrol e timol, que possuem fortes propriedades antimicrobianas e anti-inflamatórias. É eficaz na redução das bactérias causadoras da acne e na inibição da inflamação, mostrando resultados superiores em comparação com alguns antibióticos.
Óleo Essencial de Lavanda: Este óleo é conhecido por suas propriedades antibacterianas, antifúngicas e anti-inflamatórias. Compostos como linalool e acetato de linalila ajudam a reduzir a inflamação e combatem as bactérias que contribuem para a acne.